Narciso em Verona.
Buscar no bem querer qualquer aviso
Dar causa a fantasia que o sustenta
E ter no mal-me-quer a dor atenta
Que afaga quando enfrenta tal juízo.
Amar é padecer no Paraíso
Por certo sucumbir sobre os joelhos
Seguir o girassol, morrer no espelho,
À margem de um reflexo impreciso.
Amar é sofismar sobre os abismos
De um mal que tanto dói, que desespera
Na força que sustenta o vão lirismo
De um tempo que alimenta-se da espera
A devotar a si, qual egoísmo:
Amar somente a si como pudera.