Asas do Vento
Todos os meus versos se escorregaram de minha mão.
Sim, todos eles se dissolveram no grande mar.
Mas, será que sólidos eles eram para se desmancharem no oceano?
Ou líquidos que adentrassem seus olhos e se espalhassem pelo pulmão?
Esta noite eu tive um sonho. Foi o mais intrigante em minha vida.
Meus versos estavam sendo lidos, decorados e cantados.
Tal sonho parecia caber em um teatro ou numa concha de mar.
Eles ficaram diferentes. Não eram mais meus, eram de todos.
Eu acordei e fiquei tentando recordar os meus poemas,
que realmente pareciam ter ido embora de mim.
São existencialistas, falam do nada de diversos modos.
Pois, são versos famintos de amor, amizade, igualdade e vida.
Não são sólidos. São líquidos e se dissolvem no líquido.
Vão para o mar, para a casa grande. Mas podem ir a qualquer lugar.
Se os fiz. hoje não mais meus. Podem saltar um muro
ou podem escalar montanhas, irem onde não fui.
Os meus versos são os ais e alívios que escuto do mundo.