Reflexo no espelho

Vestiu um vaporoso

Bordado de pingos que caíam das estrelas

O par de sapatos sobre o tapete

No meio do quarto suspirava

O sonho a entrar-lhe pelos saltos

Acendeu nos olhos as lamparinas da espera

No pulso uma pulseira de brancos, verdes e vermelhos cravejada

Nos lábios o leito da quimera

Fez cantar nas águas da fonte

A canção de todas as madrugadas

As notas eram pérolas

Descendo pelo peito inquieto

Pensou qualquer coisa

Uma nuvem calou pelos cantos as incertezas

Pintando nas paredes arabescos ton sur ton

O batom avermelhou os rastros dos queixumes

Conferiu na penteadeira a face da paixão inexplicável

E disse ao reflexo

Fuja daí

E não me dê conselhos

Eu não enganarei ao mundo

Como não o enganam os espelhos

taniameneses
Enviado por taniameneses em 25/03/2012
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