APENAS...
APENAS
Espero rir de verdade dessa sombra que invade
Cada dia breve, incauto, raso ou profundo,
E direi, com alegria, mais cedo ou mais tarde,
Sem raiva e sem medo, bye bye, mundo imundo,
Oferecendo um brinde à felicidade,
Chamarei a vida ao que for fecundo,
Mas não direi mais nada, não farei alarde,
Apenas vou sorrir na hora ou no segundo...
E espero voar na vastidão do tempo,
Espero o inesperável que a vida leve,
Espero a chama de algum momento
Que seja único, embora breve,
Assim como a luz voa sem ressentimento,
Apenas vou sorrir enquanto a vida escreve...
Sei, talvez nada disso tenha importância,
Talvez nenhuma palavra consiga dizer
Exatamente o que sente você
Nesses túneis da inconstância...
E, assim como o sol, em ondas serenas
Põe-se no mar da eternidade,
Espero que o tempo diga, apenas,
Onde se põe a felicidade,
Em quais frações, grandes ou pequenas,
Resplandece o riso que a vida guarde !
E espero rir de verdade das palavras amenas,
Espero rir com vontade do acaso e do absurdo,
Mas não direi mais nada, vou escrever apenas,
Escrever a(penas) entre nada e tudo.
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