Tinha de ser o azul desse seu olhar
a me abrir todos os caminhos do mar
e escancarar todas as janelas do céu
ali mesmo sobre nós cheio de estrelas
elas que nos olhavam orgulhosas
elas que nos vigiavam pressurosas...

E nossas incertas bocas calaram tanto
e mais que tanto essas palavras mais certas
e teus braços abertos como portos do mundo inteiro
a me esperar este tempo todo de uma vida toda
toda a vida que não tinha sequer vivido até aqui
e que a partir daqui nem sei mais como vou viver...

Tinha de ser essa ilha meu recanto e meu refúgio
ali onde me afasto e me escondo e me protejo
onde não sinto, não vejo, não minto, não prevejo
de onde sei que não pretendo nunca mais sair
onde só me resta o medo de ter medo sem medo
diante da coragem mais insana da força dum beijo...

Tinha de ser essa minha última morada: minha prisão
Tinha que ser tudo que vi assim quase tarde demais
Tinha que ser quase na hora de um provável adeus
este um beijo ter de vir primeiro...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/03/2012
Reeditado em 11/05/2021
Código do texto: T3574340
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