Desabafo
Envelheci antes dos trinta.
Disseram-me que talvez,
a amargura fosse o remédio
para crescer forte
e vencer o tédio
de uma vida adulta.
Minha conduta, porém,
só me mostra que não cresci.
Vivi amores, terrores
e ainda ouvi rumores
de algo além do turbilhão
de emoções que levo no peito.
Deito sobre o travesseiro,
peito do Pai amado,
do amante,
quem sabe do distante conhecimento,
que me levará à sabedoria.
Conhecer algum ser
capaz de me amar,
seria uma glória.
A história, porém,
nunca se lembrará de mim:
o fraco entre os fortes,
quem sabe,
o forte entre os fracos.
Asco, é tudo que podem sentir
ao me ver,
ao me ouvir.
Sou só um devir
que nunca vem,
pois sei,
nunca crescerei.
Eu me despi de mim,
adotei a máscara
com a qual cada um me vê.
_ Você ainda pode crer
no amor?_
Perguntou minh'alma.
Tanto quanto posso sentir,
respondi em lágrimas.
_ Esgrima então com a vida!
Só quando o amor se vai,
a esperança morre,
abraçada à fé,
que escorre por entre as dúvidas
suas, só suas
as dúvidas são,
pois em você confio,
senão não seria,
alma sua,
filho...