Elvira, a Morta Virgem


(De Elane Tomich,
então menina presente
quase pré adolescente,
para o vigia Leonel
das Casas Pernabucanas
que nos lia histórias de Cordel
antes das artes mundanas)

A proteção da rotina
abafa o som da rua
a chamar tudo de sina.
Contudo, calam-se os sinos
que redobram como em Rancas
pela morte de Elvira
a morta virgem de ancas
voluptuosas e nuas
que me assombrou em cordel
linda história de Leonel
vigia noturno no banco
das Casas Pernabucanas.

Roxo de anjos, ira
da pomba gira a lira,
coreografia de Elvira.

Elvira morreu de desonra
forte dose, formicida
(Meu medo do roxo é roxo!)
quebrou a regra segura
nos lábios de violeta
doméstica era a doçura
num ai a morrer de frouxo
que de nó atava a vida
Elvira de lábios roxos
na capa da desventura
anjo, vampira, capeta,
medo e insônia me rendeu
roxo a brilhar na preta
capa, andarei reta
ou, Elvira pecarei
sereia será serei
serei eu, serei eu?

PS** Se não me falha a memória,
Leonel chorava
no fim da história
quantas vezes acabava.

Qualquer semelhança
com fatos e nomes de lembrança
é a mais pura saudade
do que não sei se é verdade)