Despetalar
Ela vem revestida de graça
Numa harmonia indizível.
Com breves sorrisos disfarsa
A dor reluatante de seu íntimo.
Não és cravo.
Mas a rosa deixaste despedaçada.
Ah, se tu cortasses as palavras,
Ah, se tu fechasses os olhos!
E por eles passasse desapercebida...
Tão somente, efêmera seria
A passagem dela por tua vida.
Quem diz... Quem diria...
Que a rosa seria marcada
Por, repentinamente, desabrochar.
Sem pudor doou-se por nada
E sem pudor pôs-se a chorar.
Pobre coitada, a rosa foi despetalada
Por almejar adormecer no mar.