DE TRENS E ESPELHOS

Projetei os desejos
no espelho do tempo
e colhi respostas desbotadas.
Loucas ou infantilmente senis.

Nada nunca foi sem cores!

Que o digam os intensos amores,
salvos da morte por oportunos bocejos
do coração. Trégua necessária.

Coisas que não fiz por Beatriz,
jamais te diria, Maria.

Mas foram as despedidas inesperadas
que me jogaram em braços estranhos.

Meu tanto de querer, sem jeito de ser,
espiava o mundo de uma qualquer
Estação Ferroviária,
onde o trem era pura miragem.

Assim, de mão em mão, meu coração.

Expus-me a danos e inúteis ganhos
secundários, com malas de viagem
eternamente retidas em lugares
desconhecidos. Refém do não,
falhei na busca dos amores idos.
Preso a eles, descuidei-me do agora.
Nenhuma flor prá Leonor.
Nenhum telefonema prá Iracema.
E a vida, lentamente, indo embora.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 22/03/2012
Reeditado em 25/07/2014
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