ponto alto

Já nas entranhas dos livros

Dos cantos negros do cisne

Meu pai me chama de pai

E um corpo procura abrigo

veloz escorre Nas veias

o néctar que carrega a fome

nos sonhos de um pé-de-meia

no vasto retorno de um nome

O corvo que some na noite

Esconde o preto venoso

Azul cansado e incapaz

De aterrar o choro voraz

O insano medo de perder

O corpo mole do sofrer

Arranca os broches verdes

De um estrela aparecer

Vai no vão vento errado

O parco santo regrado

Do cimento mal rebentado

Que me traga pra outro lado

A porta mesma referida

Incauto ponto de dormida

Estradas de fenos verdes

Capa de trono e sede

Do canto de cada canto

O mundo mingua minha fome

Me faz sofrer o corte

Do fluir amorfo do outono

Entre casas e estranhos

O bronze pobre do escambo

Carrega a força do vento

Que invade o tempo insosso

E as pedras que eram som

Varreu a parto de um tom

E jorrou na frente morta

O escarro verde de outrora

Sublinhando esse verbo

Que carrega o meio ébrio

Azul cinza de um ponto

O ponto a ponto de encontro

Abraça a fúria que transforma

A vida, sem fé, a arte morrna

Que entra no centro do ponto

Escora, Deus, sem demora.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 22/03/2012
Código do texto: T3569109