ponto alto
Já nas entranhas dos livros
Dos cantos negros do cisne
Meu pai me chama de pai
E um corpo procura abrigo
veloz escorre Nas veias
o néctar que carrega a fome
nos sonhos de um pé-de-meia
no vasto retorno de um nome
O corvo que some na noite
Esconde o preto venoso
Azul cansado e incapaz
De aterrar o choro voraz
O insano medo de perder
O corpo mole do sofrer
Arranca os broches verdes
De um estrela aparecer
Vai no vão vento errado
O parco santo regrado
Do cimento mal rebentado
Que me traga pra outro lado
A porta mesma referida
Incauto ponto de dormida
Estradas de fenos verdes
Capa de trono e sede
Do canto de cada canto
O mundo mingua minha fome
Me faz sofrer o corte
Do fluir amorfo do outono
Entre casas e estranhos
O bronze pobre do escambo
Carrega a força do vento
Que invade o tempo insosso
E as pedras que eram som
Varreu a parto de um tom
E jorrou na frente morta
O escarro verde de outrora
Sublinhando esse verbo
Que carrega o meio ébrio
Azul cinza de um ponto
O ponto a ponto de encontro
Abraça a fúria que transforma
A vida, sem fé, a arte morrna
Que entra no centro do ponto
Escora, Deus, sem demora.