Negro baú
A negra noite
escorre pelo
negro baú.
Se houve,
já não se sabe,
mas alguém insiste
que uma Estrela brilhou,
como se do drama
de ser cadente,
nada me fosse indiferente.
Uma saudade amante
inesperada,
sonha ao meu lado,
sem que eu lhe adivinhe
o secreto segredo.
Sinto-lhe a pele
e o calor da presença,
mas não sei qual enredo
esse misto de dramaturgo
e inglório taumaturgo
escreveu no rodapé
da cena principal.
Hoje, a brisa custou a vir
e a febre me assolou.
Ainda que tente
nenhum poema se apresenta
e essa insônia a seco
fere-me a garganta
a cada ríspido
gole que bebo.
Noite do tempo parado,
do estampido de tiro
disparado.
E dessa triste tristeza
que vira incerta certeza
na sombria fantasia
carente de beleza.