*
Dói-me*
escrevo porque dói-me
dói-me a falta, a abundância desse nada
dói-me a palavra que brota
do recôndito do meu olhar-alma
dói-me
e já não é de agora
o lacerar da palavra carcomida
pelo sal das minhas lágrimas
pela ferida dos meus parcos
insólitos e desnudos dias
dói-me
o filete de sangue
traz o verso dorido
das incertezas do que ousei ser
desenhadas nas rugas corajosas do meu semblante
simplesmente escrevo porque dói-me
escrevo porque é poesia de sangue.
e dói-me.
karinna*