UM TREM DENTRO DE MIM
O trem que segue no meu peito
Segue acelerado e sem destino
Descarrilando....
Na frente o estandarte da vida
Velocidade aumentando
Viagem imprecisa, rota torta
Curvas chegando
Sonhos redivivos
Perigo no ar,
Mãos suadas ao comando
Coração batendo, apertando
Vejo as curvas chegando, vejo o senhor do tempo
Deletando tudo que é sentido e sonhado
Vejo nas brumas das manhas
O amor não vivido e amado
Sei que há, todavia
Ternura algures
Nos olhos lívidos de quem procura
A felicidade debalde
Eu acendo o cigarro e olho dentro de mim
Olho o campo que a frente se abre, ermo, sem fim
Acompanho inerte a fumaça que se desvanece
E concluo sem pensar
Que toda a esperança está no ar
E que no ar esta a esperança toda.
Bebo o silencio, vivo a vida, enfim!