Desvalido

Foi na feira devavar

Ao encontro seu

Comprar frutas e feijão

Na companhia do irmão

Que era mais alto

Fedia mato brabo

E quando do banho lhe falava

Fazia brabeza com os lábios

Na entrada do mercado

Um feirante, Januário

Fez da força de seu braço

Um empurrão no coitado

Dizendo que esse fedia

Que nada lhe valia

Um sujo, sem um trato

Nunca casaria sua filha

Que naquela barraca

Que vende fruta escolhidas

Madames ricas são bem vindas

Mas a porqueira repelida

O menino mais moço

Fez da boca um alvoroço

De marra e queixo erguido

Defendeu o mais erguido

Que menino danado!

Mais pequeno que avantajado

Empurrou Januário

Que caiu num só embalo

Apontou-lhe os dedos

O do meio num desterro

Dizendo que da familia

Ele era o mais ligeiro

Velho recompôs,

Pediu mil desculpas

Com cabelo de arapuca

Fez legal com os dedos

O irmão mais velho

Um fraco sem sentido

Sentiu-se desvalido

Humilhado pelo irmão

Que nem sequer ligou

Apenas abraçou, o pobre

Diabo, que cortado seu rabo

Fez da fraqueza um louvor

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 21/03/2012
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