Outono

Querida amiga,

aos ventos deste mês de março

neste primeiro e lindo dia de outono

onde a luz do sol colhe uma flor canora e bela

neste primeiro e lindo dia de outono que não se pode aprisionar

entrte azuis madrigais e arpejos de estações aladas

a poesia se sacia entre/mentes

Enquanto no final da tarde

os pássaros voltando pros ninhos

uns em bandos

outros sozinhos

fazem da vida solidão

um inverno

os fragmentos de uma noite

ou será mera ilusão?

folha seca

vento inerte

gesto mudo

em tua mão

Alguém pergunta se queres

viver as garatujas do passado?

se queres ser a personagem que alguém te atribuiu?

se queres arder na fogueira onde queima tua agonia?

A cadência rotineira do amanhã acende os dias

acende as consciências

nas cúmplices madrugadas eloqüentes

de voz doce e macia

onde o trova/dor

em silêncio

solidário

cala

um poema solitário

pungente

prenhe

de sonhos

insone

insano

ingente

por mil razões escondido

sob pedras na correnteza

de um rio

que verseja silente

este outono poesia

que deita

folhas secas dentro da gente