Penitência
Acima destas telhas que me cobrem
A chuva cai em generosas gotas
Meu velho contrabaixo na parede
Em um canto estão algumas roupas rotas.
E nesta cena anticinematográfica
Se fundem um milhão de universos
E nas gavetas que tranquei a chave
As traças comem meus singelos versos...
E as fotografias que guardavam
Sorrisos, gestos, sentimento e sonho
Perderam a cor, já não remetem a nada
A ferrugem consome as molduras
Como me consumiu o tempo,
Assim suponho.
Do arco-íris quero as sete cores
Para pintar minha vida incolor.
Chame o cupido, Eros, Afrodite
Chame os anjos, deuses, quem quiser
Mas, por favor, encontre quem me explique
Como funciona o coração de uma mulher.
Minha alma esta manchada para sempre
Algumas manchas brancas, outras pretas
Sigo cumprindo a minha penitência
Regando a sangue todas as minhas letras...