BA – ENCALHE

BA – ENCALHE

Encalhamos no meio do oceano

Impotente como é o ser humano

Como vampiros diante da luz

Com medo do símbolo da cruz

Parados nós esperamos a maré

Como a magia é esperada pelo pajé

O cônjuge espera o sim e não o não

O branco jamais perdendo a razão.

Fumaça saindo do motor

Parece o parto e a sua dor

Encalhamos num banco de areia

Temos que esperar a cheia

Tudo acontece com a praia ali

Tudo acontece com a gente aqui

Manobra para tentar desencalhar

Indo e vindo tento minha mente ocupar

Para mim tudo tem certa graça

Parece que Deus esta fazendo pirraça

Reparo em tantas cores brilhantes

Dos cônjuges os anéis cintilantes

O branco sem sentido da parceira

Que sexo já virou coisa corriqueira

Do suor escorrido na testa do nubente

Que vestido de fraque parece valente

O encalhe é o momento da pausa

De refletir sem ter uma justa causa

De respirar para o passo seguinte

De sermos atuante ou só ouvinte

O encalhe é a caminhada da noiva a nave

Do padre é o celibato como um ato suave

O encalhe é da liberdade a borboleta

É ganhar um minuto na prece para o planeta

O encalhe é o fôlego antes que acabe o ar

É o morrer afogado no fundo do mar

O encalhe é o ultimo lance de escada

É cair na câimbra dando uma risada chorada

O encalhe é tempo de pensar na patroa

É à hora de aplaudir o choro da cantora

É soltar no filme a emoção represada

No encalhe vejo gente que fica enjoada

Vejo gente que pela hora fica preocupada

Vejo o rapaz querendo bolinar a namorada

Eu no encalhe coloco minhas asas de colibri

E num rodamoinho vou divagando com o saci

André Zanarella 29-09-2011

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 20/03/2012
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