INSÓLITO
As palavras voam da boca
Seres independentes
Verbos sem carne
E reinam fogosas, livres do corpo
Matéria que fede
Enquanto elas exalam um
Perfume bom
E planam livres, borboletas
Coloridas;
A carne afunda a vida
- matéria pesada;
Elas cantam o sublime amor
Quase anjos
Quase santas
Quase livres
Moram nos riachos, poças e
Correnteza
E dormem em asas:
Quase pássaros
Quase águas
Quase facas
Cortam madeiras e caem
Leves no chão;
Se insinuam, se multiplicam
E viajam nuas
Quase igrejas
Quase ideias
Quase alheias
Pelas curvas da imaginação.