INSÓLITO

As palavras voam da boca

Seres independentes

Verbos sem carne

E reinam fogosas, livres do corpo

Matéria que fede

Enquanto elas exalam um

Perfume bom

E planam livres, borboletas

Coloridas;

A carne afunda a vida

- matéria pesada;

Elas cantam o sublime amor

Quase anjos

Quase santas

Quase livres

Moram nos riachos, poças e

Correnteza

E dormem em asas:

Quase pássaros

Quase águas

Quase facas

Cortam madeiras e caem

Leves no chão;

Se insinuam, se multiplicam

E viajam nuas

Quase igrejas

Quase ideias

Quase alheias

Pelas curvas da imaginação.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 20/03/2012
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