Voz
Ainda avisto a ultima luminosidade do dia, o sol debruçado sob o cume das serras azuis, desaparecendo lentamente.
Estou tendo que estudar matemática, mas ela sempre me subtrai, como se já não bastassem os problemas sem solução , e o X da questão, está sempre em mãos alheias.
Sigo pela rua, onde há um jardim cheio de Dálias, que estão tão livres, alvoroçadas pelo vento, e a dona do jardim sempre a fitar-me pela janela, parecendo adivinhar o meu desejo por uma delas, se invisível parecesse.
Nos postes acendem-se luzes cambaleantes ou seriam meus instintos iludidos? Numa casa está tocando uma canção breve, uma voz morna, e eu começo a pensar na minha voz...
Nunca havia pensado nisso, será se os outros gostam da minha voz?
Ah, mas nos meus pensamento canto igualzinho a Elis.
Acho graça de minha bobagem, eu não consigo me calar, sei que minha voz está sempre ecoando pela casa. Sou igual a passarinho, só sei falar cantando, gorjeando uma frase qualquer...
Quem sabe a minha voz não deseja abraça-lo, assim como o vermelho se faz toda vez que o sol abraça a minha varanda?
Estou sonhando muda, imaginado na contra luz de uma segunda- feira de muito calor.