FALANDO DO TEMPO.

O tempo não gesta o que não é rebento,

nem destrava o que ainda não semeou.

Ele pouco conhece dos suores dos outros,

ele pouco entende das fronhas opacas da fé.

O tempo se enerva nas frases distantes da paixão,

ele sabe em quais portos deverei fincar meu chão,

ele sabe em quais bocas poderá despejar miinhas aflições.

O tempo caminha atracado nas vísceras nômades do meu sonho,

ele padece de gozo quando a luz se esconde do frio,

ele desvenda a minha morte sempre que o vento se descuidar.

O tempo se penca nos arcabouços calados do meu peito,

ele é fibra de aço quando preciso for,

ele faz dançar loucamente cada quinhão da minha alma.

O meu tempo é fiel às minhas tonturas, às minhas diabruras,

as minhas bêbadas ilusões.

Sei que irei desamordaçá-lo quando a dor não for mais dívida,

sei que terei que domá-lo sempre que meus ossos teimarem em fugir de mim.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 20/03/2012
Reeditado em 20/03/2012
Código do texto: T3564918
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