O Sabiá

Lá estava ela, minha pequenina casa amarela

Que me faz relembrar de tempos em que me recostava na janela

Para poder apenas observar o canto comprido de meu sabiá

O lindo canto, tão real, que quase eu conseguia tocar.

Eu ansiava pelos seus cantos, pois eles me guardavam segredos

Segredos enigmáticos, que papai e mamãe nunca poderiam ouvi-los

Mas eu tinha o dom de ouvir silenciosamente e com atenção

As mais deliciosas fantasias que apenas o sabiá me fornecia.

Num belo fim de tarde, de pôr-do sol alaranjado

Reparei em suas penas, que eu nunca havia tocado

Eram brilhantes e vivas, quase que douradas

Ele era tão livre, que só me restava escuta-lo,

E quando me dava conta, ele já havia voado.

Certa vez ele me cantou baixinho,algo que eu nunca irei esquecer

Revelou-me o mais precioso segredo e que no mais novo amanhecer

Eu aparecesse na janela que a grande beleza eu iria ver

Algo muito emocionante e que só a mim iria pertencer.

Acordei cedinho e deparei-me com o mais lindo nascer de um dia

O cheiro gostoso de alfazema que o vento ali trazia

O sol já reluzente, sua luz no sabiá resplandecia.

E a ave me mostrou o grande segredo que ali me trazia.

Cantou em meu ouvido algo que nunca iria imaginar

Disse-me o grande segredo da felicidade,

que está além da liberdade de voar

E levando-me até a jabuticabeira, eu escutei algo estranho no ar

E ele se pôs a dizer: A felicidade está no aconchego do lar

E mostrou-me seus lindos filhotinhos que estavam a cantar

Absurdamente eu levei um susto, me enganei era uma Mamãe Sabiá.