Apocalipse Ball III


Já não são mais a angústia, ou as feridas,
que corroem a estrutura de nossas certezas.
É  a adolescência do inverno atômico,
o sub-sol que inverte sua natureza lógica,
para dizer a estes, que pertencem ao futuro,
que nada é mais clássico que a mesma dor.
Você gostaria ou poderia me olhar nos olhos?
Fala que eu te escuto, seu pecador,
com um copo dágua sobre os quadris...
De nada adiantou matar a Deus,
se ninguém se tornou o que deveria ter sido.
Continuamos nos arrastando, pegajosos,
pela mesma viela escura de nossa mente,
ferindo barato pois o tempo corre,
amando com reservas e pensando
que filosofia é apenas um papel de parede.
Não precisamos de mais um genocídio.
De mais um extermínio da genialidade.
Ela não pode mais ser reconhecida,
nem que ao seu braço arranque.
E você permanece sorridente, todo contente,
por vomitar todos os dias a mesma oração,
para proteger sua família e seus amigos,
das artes malígnas e dos portadores da salvação.
O que se tem, é apenas doença,
narcose própria dos fracos e encarcerados,
pensando serem livres, pelas ruas....
tolos prisoneiros do mais humilhante fracasso.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 18/03/2012
Reeditado em 18/03/2012
Código do texto: T3561737
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