Incomensurável
Não é preciso nomear
Este sentimento que te tenho
Basta que eu te fale
Da vida que me habita
Se ainda é véspera da tua chegada
Ah, os ensaios dos meus braços
Que me mergulham mansamente
Abrigando-se na lembrança
Da doçura dos teus abraços
Ah, minhas águas de saudades
Navegáveis apenas ao curso
Da correnteza do teu corpo
Como descrever a alegria
O rumor das minhas mãos
Líquidas de desejos
Derramando carícias nuas
Quando és ainda memória da saudade?
Deixa-me mais uma vez te confessar
Do bulício que me toma o corpo
Sorrindo-me em prazer convulso
Do tremor dos lábios rubros
Que sem pudor entreabrem-se
Florescidos feito hibiscos
Para a primavera da tua boca
© Fernanda Guimarães