MINHA ADMIRAÇÃO

Admiro a árvore dar

Abrigo pros Bem-te-vis,

O vento retorce os galhos

A terra prende a raiz,

A sombra refresca e deixa,

O viajante, feliz.

A cana frágil e petiz

Com seu pendão desfraldado

Dá rapadura e açúcar,

Batida, alfenim, melado...

O caule alimenta o homem

E a palha alimenta o gado.

Fico pasmo, admirado

Vendo o Beija-flor sagaz

Sem ter motor, sem ter câmbio

Sem gasolina e sem gás,

Sem ter ninguém no volante,

Voar pra frente e pra trás.

Eu admiro demais

A jia que se apruma

Na água se sente bem

Na terra se acostuma

Não tem sabão na barriga,

Mas canta fazendo espuma.

Eu admiro mais uma

Coisa, que posso dizer

É a pequena semente

Na cova se esconder

E sem usar ferramenta

Rasgar a terra e nascer.

Admiro o proceder

Do pequeno girassol,

Cedo vira pro nascente;

À tarde pro arrebol,

Como um radar, registrando,

Os movimentos do Sol.

Admiro o caracol

Das formigas sobre o chão,

Sem normas de sindicato,

Sem salário e sem patrão,

Trabalharem "agrupadas"

Na mais perfeita união.

Causa-me Admiração,

No Sul, e também no Norte,

A pequenina cigarra

De voz estridente e forte,

Soltar seu canto feliz,

E, só parar depois da morte.

Admiro Deus que é forte,

Com seus ideais perfeitos,

Criar oceanos largos,

Além de rios estreitos

E, só um louco é que não pode

Admirar os seus feitos.