Passacaglia







Os poemas tortos de dias mais infelizes,
eu escondi atrás dos santos do meu altar.
De lá, só se podem ouvir suas vozes puras,
que aproximam sua neurose de Deus.
Falam com a única percepçãp que se tem,
do ponto de vista de quem lê comovido.
E compreende-se assim sua forma aleijada,
mesmo não os tendo antes visto,
porque somos todos de almas também aleijadas.
Não adianta ocultar minha sintaxe suja,
nas arcadas e volutas do templo silencioso.
Sei que o gigantismo foi feito para o êxtase,
para dizer que se não foi feito por mim,
foi construído pela mão de algum Criador.
Então, mesmo somente eu vendo,
sei que todos entendem o som que sobe,
e o vazio que sobre nós se abate.
É o conhecimento do qual fugimos.
Um templo não serve para a dor,
nem o entendimento serve para a liberdade.
Continuam os poemas ocultos,
sempre após o ponto final,
dizendo tudo o que você quer entender.
Não seu próprio rosto que você teme.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 17/03/2012
Código do texto: T3559503
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