O Sonho Que Precede o Sono
Deitado na cama
Na trama
Coberta e lençol
Eu rezo
Me leso
Pensando na vida
Pensando no dia
Que chega ao fim
Finito espaço de tempo
Tenso
Retrato do ano
Fumaça de décadas
Espasmo
Converso comigo
Sem palavras
Em meu jazigo noturno
Em meu casulo de idéias
Satisfaço o esqueleto
Tosco
Na horizontal
E rumino cada palavra
Escrava das regras
Que me bate a face
Então tiro a máscara
Amarrotada de sociedade
E me vejo mais uma vez
Como sou
Apenas eu e eu
Aí me esbarro
Novamente em mim
Somente para olhar lá dentro
E olho
Aceno para meu legado
Amargo e carente
Sina secreta da gente
Taxa vital
Que precede o sono.