SACRAMENTAL
Uma cabeça sem sentido, um ser sem coração
Perdido no vácuo do horizonte
As palavras saem de mim
Assim como os filhos nascem dos pais
Rasgo as folhas de goiaba ao lado
Deito num galho jogado ao chão
Escuto o mistério que pousa em meus ombros
Ouço vozes que não me fazem bem
Me sinto longe estando perto
As vezes longe,
Me aproximo mais que a falta de distância
Minha intuição congela a profecia
Esqueço de dormir após um dia inteiro
A noite chega
Ainda estou acordado
As luzes ao redor se apagam
O escuro entra na janela como a brisa do vento
Que atravessa a árvore que faz sombra ao meio dia
Transcendo os mistérios que habitam em mim
A linguagem limitada não cala meus suores,
Suspiro na busca da metafísica
Semioticamente vou colocando frases
Na forma de um quebra cabeça
Apenas desvendado
Na hora do amanhecer.
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Extraído do livro: SURTO POLIGRÂMICO, disponível para download na seção e-livros.