Ao chão
A mulher que ri dos meus olhos ao chão
Não sabe que sei sua tez
Nao imagina tudo o que vi
Com esses meus olhos cravados no chão
Dos indumentos que a cobrem
Sinto a cor
A textura do linho
Posso tocar
Enqunto se ri
De minha face baixa
Sem perguntar o porquê
Sem a necessária mão sobre mim
Penso que ela cuide de plantas
E faz bem que cuide de plantas
E se cuida de plantas
Deve saber do chão
E pode ser que um dia
sem que tenha notado
Pode ser que tenha se deixado ao chão
Sem que visse
Sem que ninguem a visse
Querendo se integrar ao chão
Não sinto pena de mim
Nem sinto pena da mulher
Que ri dos meus olhos ao chão
Sinto apenas por passarmos
Eu e ela
Por tantos caminhos estranhos
Por tantas estrangeiras mãos
Que nos negam as mãos
Que não nos tocam
Como cuidam de suas plantas
Que nao nos amparam
Enquanto colhemos poesia no chão