Ao chão

A mulher que ri dos meus olhos ao chão

Não sabe que sei sua tez

Nao imagina tudo o que vi

Com esses meus olhos cravados no chão

Dos indumentos que a cobrem

Sinto a cor

A textura do linho

Posso tocar

Enqunto se ri

De minha face baixa

Sem perguntar o porquê

Sem a necessária mão sobre mim

Penso que ela cuide de plantas

E faz bem que cuide de plantas

E se cuida de plantas

Deve saber do chão

E pode ser que um dia

sem que tenha notado

Pode ser que tenha se deixado ao chão

Sem que visse

Sem que ninguem a visse

Querendo se integrar ao chão

Não sinto pena de mim

Nem sinto pena da mulher

Que ri dos meus olhos ao chão

Sinto apenas por passarmos

Eu e ela

Por tantos caminhos estranhos

Por tantas estrangeiras mãos

Que nos negam as mãos

Que não nos tocam

Como cuidam de suas plantas

Que nao nos amparam

Enquanto colhemos poesia no chão

Capiau da roça
Enviado por Capiau da roça em 17/03/2012
Reeditado em 11/07/2012
Código do texto: T3558988