No Carnaval, o avesso

No Carnaval, o avesso é o normal, o que antes era proibido, fica liberado.

O que era feio ficou bonito e quem era bonito, agora fica bem mais.

A alegria permeia turbilhões de emoções, fogos de artifício de paraísos artificiais

Relações aprofundadas, algumas paixões devastadoras, outras devastadas,

Amores são infinitos, até a quarta-feira das cinzas de nossos restos imortais

Quando a quarta-feira acaba resta somente o pó, poeira das lantejoulas e paetês

Corpos rendidos, mentes suspensas, fantasias gastas, desejos amadurecidos,

Uma ordem (re)estabelecida, saudades, mesmo do que não tem um fim

E recomeça a contagem regressiva para o próximo reinado carnal.

Se ela desatinou e mesmo sem bandeira, continuou a sambar na quarta-feira

É porque no carnaval, a esperança é de que não haja um final.