POESIA TORTA
Gosto dessa poesia tonta
que faz de conta
que fala de mim;
que ora me revela e me encanta,
ora me açoita, me espanta,
me rasga os disfarces,
me nega um sim;
que diz que sou triste,
me arranha,me insulta
com o dedo em riste,
e me entrega às sombras,
à dor que ainda existe
e que nunca tem fim...
Me agarro a essa poesia torta
que me joga ao relento
e me arranca de mim,
e que pouco se importa
quando me esfola a alma,
quando me pede calma
enquanto ri tanto assim...
E me denuncia por poucos favores,
expõe meus temores,
mostrando quem sou...
E ao mesmo tempo,
me abraça e conforta,
me acolhe, me guarda
aqui onde estou;
me traça uma rota,
e abre-me a porta,
me segue, me escolta
até onde me achou...
Me mostra o inferno,
medonho e eterno,
que é de onde saio,
e é pra onde vou...