POETA DA ROÇA

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

Sou um poeta da roça

dos tempos em que

os guerreiros da enxada

lavravam a terra com alegria,

cada crepúsculo era mais um dia

de trabalho, de felicidade e de oração.

Sou um poeta da roça

dos tempos dos verdes cafezais,

em que as estradas eram empoeiradas

nelas passavam:

Charretes,

carroças,

cavaleiros

boiadas

e nos campos

se concentrava a população.

Sou um poeta da roça,

vítima da metamorfose política

que varreu do campo o lavrador.

Pobre enxada!

Imponente e agressivo trator,

que tirou da boca do roceiro

o último pedaço de pão.

gilbapoeta
Enviado por gilbapoeta em 15/03/2012
Reeditado em 15/03/2012
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