POETA DA ROÇA
GILBERTO BRAZ ALMEIDA
Sou um poeta da roça
dos tempos em que
os guerreiros da enxada
lavravam a terra com alegria,
cada crepúsculo era mais um dia
de trabalho, de felicidade e de oração.
Sou um poeta da roça
dos tempos dos verdes cafezais,
em que as estradas eram empoeiradas
nelas passavam:
Charretes,
carroças,
cavaleiros
boiadas
e nos campos
se concentrava a população.
Sou um poeta da roça,
vítima da metamorfose política
que varreu do campo o lavrador.
Pobre enxada!
Imponente e agressivo trator,
que tirou da boca do roceiro
o último pedaço de pão.