CHEIROS DA NATUREZA

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

Ainda sinto o cheiro

da relva orvalhada,

da terra fértil molhada

pelas chuvas de janeiro.

Ainda sinto o cheiro

dos cravos e das rosas,

dos currais e dos galinheiros.

Ainda sinto o cheiro

do cafezal florido,

dos humos pútridos,

das velas queimando na capela.

Ainda sinto o cheiro

do capim gordura, ao vento bailando,

das cabras e dos bodes pastando

diante da minha janela.

Ainda sinto o cheiro

dos paus de fumos perfilados ao sol,

das espigas de milho no paiol

e do café secando no terreirão.

Dos araticuns floridos,

dos arreios velhos esquecidos

nas paredes do galpão.

Ainda sinto o cheiro

do moinho de fubá,

de um pobre gambá

no tronco oco da goiabeira,

das uvas maduras no parreiral,

das roupas secando no varal

e do perfume da cabocla namoradeira.

gilbapoeta
Enviado por gilbapoeta em 15/03/2012
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