CHEIROS DA NATUREZA
GILBERTO BRAZ ALMEIDA
Ainda sinto o cheiro
da relva orvalhada,
da terra fértil molhada
pelas chuvas de janeiro.
Ainda sinto o cheiro
dos cravos e das rosas,
dos currais e dos galinheiros.
Ainda sinto o cheiro
do cafezal florido,
dos humos pútridos,
das velas queimando na capela.
Ainda sinto o cheiro
do capim gordura, ao vento bailando,
das cabras e dos bodes pastando
diante da minha janela.
Ainda sinto o cheiro
dos paus de fumos perfilados ao sol,
das espigas de milho no paiol
e do café secando no terreirão.
Dos araticuns floridos,
dos arreios velhos esquecidos
nas paredes do galpão.
Ainda sinto o cheiro
do moinho de fubá,
de um pobre gambá
no tronco oco da goiabeira,
das uvas maduras no parreiral,
das roupas secando no varal
e do perfume da cabocla namoradeira.