A sevilhana

Amo-te porque sei que com fogo amas,

porque sei que amando doas-te

e porque sei que doas-te com ganas

de quem dança sem medir tuas doses.

Amo-te porque em ti há fera solta

fera que, sendo feroz, ameaça

e que, ameaçando, foge, se solta

se solta do balançar de teus braços.

Amo-te, se bem que em enigma.

Como quem não pede ser ouvido,

amo-te como que em um pulsar tímido

do taconear dos teus sapatos...

Bailadora, bailadora...

que tens no corpo o fogo da Espanha...

acende-o mais uma vez essa noite

na tua carne tensa, como de rifle,

e dispara contra o céu...

mais uma dosagem de lirismo.