esta noite

esta noite, não saí de casa, não topei numa pedra,

não tomei um trago. perdi: o desfile dos carros

[e das morenas,

a lua e as estrelas boiando no azul do céu,

o beijo da moça, o vento açoitando meus

cabelos

nem a gravidade me puxou de vez nem deus quis

[me alevantar

esta noite, não vociferei contra deus nem o tal do amor

me veio com falácia, tentar seduzir com disse-me-disse,

[blá blá blá de rosas e serafins vermelhos,

[acácias postas sobre a mesa para o chá

[vesperal, sob a luz do crepúsculo

esta noite, sequer, solfejei meu sofisma: nem as pedras

me deram ouvidos

esta noite, nada mais que a canção tilintando:

– “parece que vai chover!”

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 14/03/2012
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