esta noite
esta noite, não saí de casa, não topei numa pedra,
não tomei um trago. perdi: o desfile dos carros
[e das morenas,
a lua e as estrelas boiando no azul do céu,
o beijo da moça, o vento açoitando meus
cabelos
nem a gravidade me puxou de vez nem deus quis
[me alevantar
esta noite, não vociferei contra deus nem o tal do amor
me veio com falácia, tentar seduzir com disse-me-disse,
[blá blá blá de rosas e serafins vermelhos,
[acácias postas sobre a mesa para o chá
[vesperal, sob a luz do crepúsculo
esta noite, sequer, solfejei meu sofisma: nem as pedras
me deram ouvidos
esta noite, nada mais que a canção tilintando:
– “parece que vai chover!”