Um Café e a Conta
Na mesa o café,
a conta paga,
a boca amarga
e o vazio da solidão.
Muito se fumou,
pouco se falou,
a cabeça inchada
e do meu lado mais ninguém.
Por estar certa a exatidão
de um não,
olhos declinados
e a cadeira respira a morte de alguém.
Na mesa o café
frio,
a incerteza de bebê-lo só,
a angústia nos dedos da mão.
Muito se olhou,
pouco se fitou,
os dentes trincados,
e do meu lado a flor que murchou.
Conseguir passos no chão
e a coragem pra deixar a mesa agora,
perceber o silêncio de ouvir
ela indo embora.