Um Café e a Conta

Na mesa o café,

a conta paga,

a boca amarga

e o vazio da solidão.

Muito se fumou,

pouco se falou,

a cabeça inchada

e do meu lado mais ninguém.

Por estar certa a exatidão

de um não,

olhos declinados

e a cadeira respira a morte de alguém.

Na mesa o café

frio,

a incerteza de bebê-lo só,

a angústia nos dedos da mão.

Muito se olhou,

pouco se fitou,

os dentes trincados,

e do meu lado a flor que murchou.

Conseguir passos no chão

e a coragem pra deixar a mesa agora,

perceber o silêncio de ouvir

ela indo embora.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 14/03/2012
Código do texto: T3553954
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.