AVEIRO
Horizonte perdido no Aveiro que marca minh'alma em recordações afastadas.
Vejo na areia, nossas pegadas, sempre juntas na mesma caminhada,
que passo a passo foram registrando a imagem do que somos hoje,
olhares perdidos na distância do tempo que nem sempre acolhe.
Contemplo então os seus traços na face do sol que se vai ao longe,
sentindo ainda em minha pele o toque quente de seus raios a acarinhar-me a alma.
Afastando-se lentamente, faz a despedida do sol ao dia deixando rolar uma lágrima tardia,
salgado tempero, de dor e de medo, que junto à água do mar, alimenta sóbrio o Aveiro...
Não choro, vejo-o partir levando consigo o dia,
Num rito sagrado, faço minha despedida,
imóvel nos restos de meus sentidos, apenas olho.
Navegante no silencio que paira no ar
busco ainda seu toque nas ondas mansas que me trazem o mar
apagando nossas pegadas nesse porto da saudade onde em ti me recolho.
***
*Inspirado no poema “Aveiro” do poeta José Carlos (Poeta Londrino)