A IMPLACÁVEL

Não sei se é por ser poetisa

Ou se é mesmo obra do destino.

Mas já nasci tendo no peito,

Uma ferida que não cicatriza.

Um espaço vago, sem jeito,

Sem forma e que me agoniza.

Uma dor constante, ferina,

Sem tempo, sem limites... Só minha!

Não sei se sou poetisa por isso,

Ou se por isso, nada sou.

Não sei se sou ingrata com a vida

Por não ser feliz como sou...

Pois me encontro à deriva,

Às mãos dessa inimáginativa

Dor que não tem descrição,

Sem causa, sem cor, sem perdão!

Durante meu pouco tempo de vida,

Ainda na juventude,

Conheci muito mais que o normal.

No entanto, ainda não pude

Compreender essa coisa tão rude,

Essa criatura irracional...

Que me toma ferozmente entre garras,

E me lança em meio ao vendaval!

Tudo que vi em minha curta vida

Não posso comparar a essa dor...

É tão inexplicável, essa agonia,

Que seja da forma que for,

Ela me rouba a alegria,

Tira-me o ânimo, a magia

Do simples viver... E o torpor,

Veste-me então todo o dia!

Já procurei quem me dissesse

O que é isso afinal.

Já procurei entre livros

Como se chama esse mal.

Tudo que pude obter

Levou-me a uma só conclusão:

Essa fera que me persegue,

Esse martírio que me fere,

Tem por nome... Solidão!

***06-01-2001***