Algumas vogais... pra você, poetisa

Um dia destes

quando os rios

retorcidos

talhados em brasa

passarem à tua porta

reescrevendo poemas

eternamente vadios

nas folhas secas

de um outono

saido dos teus pincéis

lembra que meus olhos

ainda não te viram

e tudo que fazem é sonhar-te

Vê, Ania, que o vento leva

pra longe o que eu te escrevo

o que me escreves

Sabes, Ania,

nos rios morrem os portos

morre um céu que lentamente

anoitece

morrem os sonhos

que o tempo não soube tramar

Ania, Ania,

teu nome me chama rindo

da minha noite mal dormida

Tua poesia fica um tempo

me olhando

como os olhos de Deus

como os olhos da vida

saudosamente

leves

eternos

como os teus versos

doce poetisa