Deixai a canção despida
Oh caro amigo compositor,
Atenda a esse clamor, por favor!
Tu que derramas alma e suor á cada acorde,
Acorde! Pois é tempo de retroceder.
Sei que tu amas a melodia,
Adornando cada pedaço de poesia.
Mas traga em ti o dom da paciência,
Torne já a sua essência.
Esqueça o toque, o rock, o tom, o som,
A pauta, a partitura a eterna busca pela perfeição.
Sem medo, sem culpa, sem demora,
Torne aos bancos da escola, agora, agora!
Tua música é bela é singela.
Mas precisa se libertar das couraças da competição.
Experimente despi-las ao sabor de uma bela lua cheia,
Abra a tua boca e apensas a trove lance-as as asas do vento.
Tira de ti a armadura que te faz vencedor,
Poete cada verso com sabor.
Sem acorde, sem corte, sem frustração,
Sem louros de vitória, apenas solta. Solta.
Por hora esqueça as melodias,
Que sonorizam tua poesia.
Pois uma canção nada mais é,
Do que um poema nu,sem adorno algum.
Amigo siga a vida,
Cantar é luz é alegria.
Mas de quando em quando volte aos tempos de outrora,
Aos bancos da tua escola.
Liberte as tuas rimas,
Ouça o clamor do trovador que em ti agoniza,
Deixai a canção despida.
Ilha Solteira 21/01/10