Ritual da Última Noite
Clima melancólico
Vestes negras de gala
Soluços implacáveis, pesarosos...
Triste lamento pairando
Em uma atmosfera lancinante de dor
Lágrimas negras de sangue
Velada no branco do lenço
Que contrasta com o indumentário
Um corpo inanimado dentro de elegante caixão
Um espírito preso a uma realidade vazia
Pálpebras cerradas
O cadáver coberto pela pseudo beleza das flores
A litania fúnebre é recitada em coro
Imponente pompa, ritual maquiavélico
Deixando as trevas
Em estado de extrema excitação
Acordando o cio da besta
Que dorme no sepulcro proibido
O cortejo segue para a última morada
Para o agonizante silêncio
Da alucinógena solidão
Lugar caótico, maldito, pútrido
Infestado de vermes amorfos e sanguessugas malévolas
Ansiosos por dilacerar, os restos mortais
E transformar todo o encanto humano
Em poeira de ossos esquecidos
Sob a patética e fria lápide de mármore
Que exala a imortal poesia
Dos delírios insones da noite eterna.
(Edna Frigato)
Enviado por Edna Frigato em 12/03/2012
Código do texto: T3549403
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Carinhosa Interação em poema do querido amigo e poeta Chagas Neto.
Em passos lentos caminho
Seguindo a direção contrária.
Frio e calor queimam meus ossos
Pensamentos se fazem vários.
Vozes eu escuto ao longe
Ecos da minha própria estupidez.
Segue-me o passado
O absurdo que eu tenho causado
O medo e a nostalgia
Que se fez diferente um dia.
No chão de pedra
A mancha de sangue que não seca
O vermelho que me inspirou.
O barulho se torna mudo
O buraco cada vez mais profundo
A vida cada vez mais longe...
(Chagas Neto)
Neto meu doce e querido amigo obrigada por essa linda interação. Sinto-me imensamente honrada por meus humildes versos ter desperto em ti tão sublime inspiração. Meu carinho sempre.
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