Ania, a estrelinha
A estrelinha Ania
floresce no céu
ingênua
e atenta
ao barco no porto
onde a névoa
e a vida
amadurecem
e esperam
pelo vento
inquieto
A estrelinha
luminosa
roça o escuro
da noite
e do barco
com sua pele
macia
A estrelinha
não sabe
que o barco
que ela via
no silêncio
das águas
que as chuvas
deixaram
colorindo o mundo
esfumava uma
súbita agonia
olhando a estrelinha
e que por ela sofria
Andava a poesia no mundo
numa noite onde o luar
urdia o vento
com pequeninos
flocos de ar
e com as gotinhas da chuva
bordava
as ondas rendilhadas
do mar...
gota a gota
Soltas
Sozinhas
as ondas...
pendidas ao mar
Como na tela que tu pintastes
E que eu nunca vi
Longe as águas no meu olhar
Mortos os dias
Longe...
Lá bem longe
sozinho, o barco no mar
e o poema dizendo
coisas tão lindas
nos olhos
de Ania, a estrelinha