Se o Meu Livro Falasse

Não queira comprar-me

com pensamentos vis que o tempo arrasta para longe.

A vaidade necessito-a distante.

Também não necessito comentários tantos.

Não gosto de alarde e gosto muito do silêncio.

Apenas leia-me se me quiseres.

Sou disponível a ti e posso afagar-te.

Nem queira comparar-me...

Não sou comparável a nada pois sou o nada quando sou verdade.

E aqui neste espaço branco... Sou verdade.

Não tenta definir-me... Eu já não tenho.

Apenas existo no vão espaço do tempo

que resta à mim quando estou só.

E se sou flor... Apenas em tuas mãos

E já não quero mais ser nada e apenas flor

para o teu cheiro e toque.

Pétala para o teu toque e lágrima de orvalho à tua dor.

Posso ser bálsamo cheiroso também

e viajar contigo sem que saiamos do lugar.

Viajar para dentro de ti e através de mim.

Vem... Eu ponho-te em meu colo.

E se não vieste tu para possuir-me inteira

e tragar-me, ou ao menos tentar compreender-me,

à mim e a ti... não leva-me, eu suplico.

Deixa-me na prateleira a sorrir aos passantes.

Não estraga a minha dor jogando-me inteira

em qualquer lugar teu.

Não desfaças do meu amor... Da minha entrega.

Eu gosto de sorrir aos passantes.

Não os conheço nenhuns e amo-os a todos!

Não leva-me contigo levianamente

e leva-me apenas se houver paixão.

E se não... Deixa-me sorrir aos passantes.

Dá-me apenas um abraço em verdade e sigas sem mim.

Eu sou livre e faz-me bem assim.

E eu aguardarei o teu abraço em verdade novamente...

Com o desejo meu de tê-lo, quem sabe.

E se nada for verdade entre mim e ti...

E se for apenas gesto de "comparecência"...

Abraça-te a ti mesmo.

E deixa-me continuar assim...

A sorrir aos passantes.

Karla Mello

Março/2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 11/03/2012
Reeditado em 14/01/2015
Código do texto: T3548606
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