VITRAIS DE NEBLINA OU LAGO PARANOÁ
A minha solidão
Tem Asa Sul e Asa Norte
Circulando por sobre o poente
Ao cair da tarde
Sua sombra reflete
No espelho d'água
As côres da minha alma
Que delineando o horizonte
Cobrem o Paranoá
Numa fluídez hipnótica
A minha estrutura é fixa
Mas esbanja solidão no eixo central
Por onde pedalo equilibrando fome e osso
Para ver se consigo diminuir a distância
Que quanto mais me canso, mais longe fica
O palácio do fosso
A tarde cai quase se debruçando
E vai caindo como as penas de um passáro
Que vai naufragando...
E uma nuvem se abre mostrando
O resto de sol borbulhando
Nas águas do Paranoá
Feito sonrisal fervilhando
Minhas sonhadas esperanças
Que em vão reluta
Em última tentativa
Tento pegar a estrela refletida
Mas ergo os olhos e peço
A mesma estrela no céu
Que em face de qualquer horror
Seja maior a esperança
Mesmo sendo monstruosa a desilusão
E o desencanto do sonho em dor.
CONSTANTINO GRIGÓRIO BARUC - 06/11/2011