Eu Flutuo Em Você
Posso te contar
histórias...
Posso te encher
de beijos...
Posso chorar
de tanto rir...
Posso tomar banho
e desembaraçar
meus cabelos cacheados...
Posso te oferecer
meu chá predileto...
Posso te entender
do avesso...
Posso dizer que
te leio...
Posso ir do fim
até o começo
...
e estar por inteiro
Mas...
de que adianta
se o horizonte
é tão exato?
Se as leis são
tão dogmáticas?
E inventaram
uma vida pra gente
viver?
De que adianta se...
flutuamos num espaço
regidos por uma lógica
em superfície?
De que adianta?
Sentir...
Querer...
Desejar...
Ter?
Se a lógica é confusa...
Se a superfície é um horizonte exato...
E se os dogmas legislam
neste espaço que flutua?
E o que é o desejo?
O sentimento?
Os "quereres" ?
A sedução explícita
de corpos que se orientam
em espaços numa
superfície sem lógica?
E com dogmas confusos
em leis flutuantes?
Onde estou, afinal?
O que são esses corpos?
São errantes?
São sempre errantes?
Na exatidão
de um horizonte?
E o quê?
Exatamente o quê
esses corpos sentem?
Desejam?
Seduzem?
Querem?
E o que é o amor?
Esses corpos amam?
E por que o amor?
Se o horizonte
já é exato...
Se os dogmas são
leis...
E se vivemos
em superfície?
O amor seria o regimento
de uma lógica?
Flutuamos...
Flutuamos...
Sem nunca saber
ou entender muito bem
esses corpos
nos espaços...
Sabe de uma coisa?
Prefiro...
Te contar histórias
Te encher de beijos
Chorar de tanto rir
Tomar banho e desembaraçar
meus cabelos cacheados
Te oferecer meu chá predileto
Te entender do avesso
...
Eu te leio
...
Prefiro ir do fim
até o começo
e...
te encontrar no meio
mas,
estar por inteiro...
Aqui...
Exatamente aqui!
No que exato
horizonte me faço ser
Exato a mim
Sou o exato horizonte
do meu próprio ser
E assim...
Flutuo
em você...
Erica