Uma estrada de versos
Uma ponte interrompida
Uma cruz de carvalho
Alguns ossos expostos
Hoje será impossível
Para onde foi o sentido do mundo?
Qual e a química que mantém os cérebros girando?
Não há mais versos nem poemas coesos em meu mundo
Eu vejo canetas bailando em cadernos indistintos
Um bale sem destino ou função
Não somos mais inocentes
Os anos 30 não voltarão nunca mais
Só as bombas e as guerras ainda marcam as lembranças
Uma multidão fugindo às seis da manhã
Esperando o ônibus
Um carro cheio de historias iguais
Nos nem pensamos, nos entregamos à viagem como.
Autômatos
E eu crio minha poesia em meio as seus conflitos tacanhos
Repetindo gestos e olhares nos corredores das fabricas
Só um relógio me separando do mundo
Só uma fração de liberdade e espera
Agarrado a normalidade por uma passagem de ônibus
Um vale transporte me fazendo existir e ter sentido
Mas eu salto pulando janelas às aberturas de minha mente
A maioria esta feliz com os limites de suas gaiolas
Para eles só há fugas perante as novelas e os jogas na TV
E quando seus pés abandonam a terra
E a liberdade esperando com hora marcada
Depois das oito
O céu nunca tem mais de uma cor perante seus olhos
Nem há mais do que ondas para se ver no mar
Quem dera pudessem ouvir a musica
E ficarem loucos algumas vezes por dia
Agradeço a Deus pelo Don da poesia
Pela estrada que tenho pra poder exercitar minhas fugas
Pra me revoltar
Num silencio que se pode ouvir
Por poder escrever pura e simplesmente
Minha estrada repleta de versos
Estou correndo por ela agora.