Kri Demmall passando

"Quem se lembra de uma nuvem?"

(Guy de Maupassant)

Lá vem ele; pela janela posso ver...

... Kri Demmall passando, através das cortinas, passando

Com seu jeito despojado, torto, vago, sem chapéu

Trazendo consigo um valor finito que desvaloriza sua possuidora.

Um trago; por ele, deixei minha casa, abandonei a velha cidade

Sou réu revel, vou a deriva, de terra em terra, ora vermelhas...

... Amarelas, estou diante de outra estrada; da face escorre-me sal

Eu, que sou um homem de família, acusado fui por Kri Demmall.

Passando; sobre minha cabeça, urubus girando; grilos e cigarras em uníssono

Cantando acusam-me, dizendo que aquele favor, outrora favor de amigo

Tornou-se uma desgraça, uma aflição terrena, um torpe vício.

Você ainda me considera um amigo?

Desde que o sol escureceu e a lua silenciou-se, clamo a Deus em suplícios...

Vivendo em quartos pagos, de joelhos; num eterno e incessante castigo.

*A Henri René Albert Guy de Maupassant (05/08/1850 - 06/07/1893) e seu amigo Gustave Flaubert (12/12/1821 – 08/05/1880)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 10/03/2012
Reeditado em 10/12/2014
Código do texto: T3546116
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.