A lua e o dia

Acabou-se a noite

Já está lá fora um dia perpassando

Um céu azul clarinho

Persuasivo

Que o dia fez, mas não diz

Azul cantata

Barcarola

Com doces versos azuis ritmados

Pra lua que não foi embora

E se aquece

E se esquece ao sol

E busca meus olhos para se sentir desejada

A lua, ardente de insônia,

Tremeluzindo amor no silêncio

Dos passarinhos pretos

Que voam assim que a manhã abre as janelas do dia

Faz do dia um rascunho de poema

Que vai deixando de ser poema enquanto escrevo

Com os meus olhos ensimesmados de um sonho

Cativos de uma dor

Ou de um medo

Sólido

Como a minha solidão

A solidão da lua

Ou a solidão do soneto que não fiz