Súplica da lua cheia
Ò meus fiéis amigos seresteiros,
Que de minha presença andam ausentes.
Atendam esse meu mudo apelo,
Não me deixem só eternamente.
Há algum tempo me faço volumosa,
Alumiando as ruas pra seu canto.
Vocês com inocente indiferença,
Em cruel abandono me deixando.
Acordes lindos por vocês tecidos,
Causavam-me vigor e muito brilho.
Agora aqui no silêncio do espaço,
Em mil pedaços sou puro martírio.
Por isso meus amigos seresteiros,
Que tens outros ofícios aí embaixo.
Voltem a ser meus velhos companheiros,
Nem que seja por um minuto ou outro espaço.
Já não sinto o aroma das flores,
Apavora-me a sombra da renúncia.
Libertem nas cantigas seus amores, sonhos, dores,
Atenda assim a minha súplica.
E quando o meu brilho for seresta,
Em mil noites perdidas e urgentes.
A minha súplica se esvai em festa,
E assim lhes serei grata eternamente.