Buraco Negro

 

 

a boca sobre o copo

emudece a face

que se faz e refaz

em fuga fugaz

pois o etílico torce

a pele e a ruga  afaga

o semblante mordaz.

 

doze doses em fases

surge sangue nas fezes

noventa e nove vezes nove

distanciam as vozes.

 

isso não faz sentido

um coração partido

que se reparte em cousas

e em causas perdidas

 

ainda assim brotam flores

nos lábios que beijam o cálice

e na noite silenciosa e fria

em seus olhos magros

o último estertor anuncia

o rosto tomba sobre a mesa

o corpo cai no buraco negro.