Entre estranhos (Parte 2)

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Entre estranhos (Parte 2)

Hoje sou pedra, mas quero ser ouro.

Sabe fazer isso?

Seu manual tem a receita?

<< Quem tem o triturador é você.

Não sei se ele quebra ouro,

mas se quebrar, como dizia meu avô,

tutano, estaria ótimo!

Você quer sexo e eu amor... E aí?

<< Já ouviu falar em equilíbrio?

Homem começa fazendo sexo,

somos mais carne;

mulheres pensam em cópula,

deitam para amar, para reprodução.

Com empurrãozinho,

a gente pode fazer sexo com pitadas de amor,

ou amor com pitadas de sexo.

Se isso for mesmo alquimia,

precisamos experimentar as dosagens

e encontrar a nossa ideal, concorda? >>

Com certeza!

Química também se faz em laboratório.

<< Nossos corpos podem ser laboratórios vivos! >>

Podem!

<< Você, por exemplo,

tem o condão de erguer o meu;

e eu, verbi gratia,

o poder de lubrificar o seu... >>

Eis o equilíbrio! Equilíbrio instável...

<< Eis a razão de muitas inspirações.

Por exemplo, surge uma poesia! >>

Quero me transformar em ouro antes de morrer!

Faria poesia para mim? Não precisa ser agora!

Pense, inspire-se e faça! Sabe bem o que digo...

<< Faria outra... O que desejamos, asseguro,

já virou poesia e desejo.

Resta o tempo nos aproximar e tornar tudo real:

os desejos, as fantasias e os medos! >>

Agora você me assustou!

<< Que bom!

Foi depois do susto que saímos das cavernas! >>

Juazeiro do Norte-CE, 9 de março de 2012.

11h31min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 09/03/2012
Reeditado em 02/11/2015
Código do texto: T3544358
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